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. : INFORMAÇÕES : .
TEMPERAMENTO NA RAÇA DOBERMANN
O Dobermann como ele deve ser:
um cão protetor, equilibrado e confiável!
Na criação podemos e devemos ser muito mais
criteriosos com o temperamento do que uma exposição nos permite. Muito cão é
condicionado a exposições e ali pode ter muitas características mascaradas, até
porque se exige muito pouco do cão (trotar, ser tocado por um breve instante e
ficar imóvel em posição de 'stay'). É por isso que acho tão importantes as provas de seleção, ou ainda
de Schutzhund (um pouco mais exigentes), pois permitem que o cão,
em ação, mostre todos os seus instintos e impulsos, podendo assim ser melhor
avaliado.
Não é por acaso que se encontra maior homogeneidade e qualidade no
temperamento dos cães criados em países em que é obrigatória a prova de seleção
para a reprodução, mesmo em linhagens selecionadas pela conformação física.
Por melhor treinado que o cão seja, um bom juiz de trabalho consegue detectar as
fraquezas do cão em uma prova de seleção/adestramento/trabalho.
A parte de obediência é simples, basta que o cão se mostre tranqüilo e COM
VONTADE DE TRABALHAR (o que pede o padrão oficial da raça). Na parte de
proteção, também com exercícios básicos e objetivos, o cão deve apresentar
determinação e coragem, preferencialmente com uma
mordida forte e cheia/profunda, sem mastigação, sem rosnados ou choros, e também
será avaliada a velocidade.
O que pede o padrão?
Intrepidez - analisada na mordida e velocidade com que o cão morde.
Autoconfiança e Coragem - analisadas na velocidade e determinação do cão
na
proteção.
Firmeza - analisada na qualidade da mordida e no comportamento do cão
quando
submetido à carga do figurante (jogo de vara).
Nas categorias mais altas de proteção (Schutzhund) também é analisado o latido
do cão, que deve ser forte e constante. Latidos fracos, finos, roucos ou
descontínuos são indicativos de problemas de insegurança ou falta de impulso -
nesse momento o cão deve apresentar os dois impulsos, caça e agressão. Cães que
não largam, demoram a largar ou beliscam a luva após o larga, demonstram
insegurança, nervosismo - em alguns casos pode ser problema de treino. Cães que
abandonam o figurante mostram falta de impulso, desinteresse pelo trabalho ou
insegurança/nervosismo.
* Impulsos (drives): na proteção, o cão deve
trabalhar em caça e em agressão, gerando um combate real. O impulso de
caça dá segurança ao cão, velocidade, estabilidade emocional; a agressão gera
uma combatividade maior e auxilia na mordida (cão que trabalha só em agressão
entra em conflito e se torna inseguro - é a caça que sustenta o equilíbrio
emocional).
Caça: instinto de perseguição a qualquer objeto que se mova, acompanhado
de
uma mordida firme assim que abocanha a "presa" (objeto), possessividade
(instinto de sobrevivência).
Agressão: combatividade, possessividade, instinto de defesa.
Indícios de fraquezas:
- Mordida fraca - falta de impulso / habilidade para o trabalho.
- Mastigação da luva (mordida sem constância, ficar remordendo) - denota
insegurança, desequilíbrio emocional. Normalmente vem acompanhada de rosnado ou
choro.
- Mordida não profunda (só com parte da boca ou incisivos) - insegurança,
extremo nervosismo (neste caso normalmente o cão está prestes a correr/fugir).
- Rosnados/Choros - extrema agressão ou defesa, desequilíbrio emocional,
falta de impulso de caça.
- Falta de velocidade - falta de impulso / habilidade para o trabalho e,
às
vezes, problemas de conformação física.
- Esquivar do figurante - insegurança, medo, fraqueza psicológica.
Em qualquer raça é possível que o cão tenha uma mordida estável, sem mudar a
boca de posição. A qualidade da mordida está intimamente ligada ao temperamento.
**Existem algumas teorias sobre a impossibilidade de algumas raças
(incluindo o Dobermann) morderem de boca cheia e com estabilidade (sem
mastigação) devido à sua anatomia, mas felizmente não é o que constatamos na
prática e, coincidentemente, todos os cães com problemas para morder bem,
mostram fraqueza de temperamento, e isso pode ser visto em todas as raças, mesmo
aquelas que teoricamente conseguiriam morder bem pela conformação.
É importante observar que a prova é de proteção, ou seja, o cão deve ser
equilibrado, não morder à toa. O cão deve morder apenas quando ordenado pelo seu
condutor, ou quando agredido/ameaçado pelo figurante. O cão de guarda de verdade
é tranqüilo e sociável, um cão de família, atento e pronto para defender seu
dono.
O trabalho de proteção real é feito do mesmo modo que o esportivo (provas) ou
para seleção.
Não se analisa simplesmente como ataque, pois cães mordedores ou agressivos
são desequilibrados.
Testar o cão no local onde ele vive não é suficiente se estivermos falando em
seleção, pois ele não tem como mostrar
todas as características desejadas. Digo desejadas porque o padrão pede
ADAPTABILIDADE E ATENÇÃO PARA SE AJUSTAR AO AMBIENTE SOCIAL, além de todas as
outras características já citadas.
Logicamente a pessoa que quiser preparar um cão para seleção, provas mais
avançadas ou proteção pessoal, precisa conhecer tudo isso, pois é básico.
Confesso que depois que comecei a treinar meus cães para Schutzhund, conheço-os
muito melhor e aprendi a avaliar melhor cães adultos e filhotes.
É um aprendizado muito importante, e que hoje considero imprescindível para um
criador de verdade, que preze bom temperamento.
Kathleen Schwab
[email protected]
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